É lamentável constatar que uma rodovia margeada por cenário tão bonito, como é a Ilhéus – Itabuna, tenha se transformado numa macabra estrada da morte, um caminho onde quem entra fica com um justificado receio de não chegar ao destino.
Cada vez mais movimentada, a pequena ligação entre as duas maiores cidades do sul da Bahia aos poucos vai confundindo o que é uma e outra cidade. Estabelecimentos comerciais, escolas e conjuntos residenciais vão surgindo ao longo da Ilhéus – Itabuna. A estrada, sobrecarregada, não suporta mais o volume de tráfego e exige uma intervenção drástica e urgente.Em 2010, ano eleitoral, a duplicação desse trecho da BR-415 foi tema de campanha. Muitos itabunenses e ilheenses confiaram na promessa de que a viagem entre Itabuna e Ilhéus deixaria de ser uma medonha aventura e não é mais possível acreditar que tal obra deixe de ser vista como prioritária pelo governo, pois não se trata apenas de uma questão de infraestrutura e logística, mas um assunto que tem a ver com o respeito à vida.
No domingo, dia 27, dois irmãos morreram em mais um acidente estúpido no trecho que é o mais perigoso da estrada (o viaduto que dá acesso ao semi-anel rodoviário). Quantos irmãos, irmãs, pais, mães, amigos, namorados, namoradas já morreram? Quantos ainda precisarão morrer?
Já se ouve falar que o processo licitatório para a duplicação da rodovia só sai em 2014, coincidentemente outro ano eleitoral… Se assim for, parecerá realmente uma brincadeira de mau-gosto com a população sul-baiana, quase humor negro.
Acabamos de ver o Japão, destroçado por um terremoto, tsunami e desastre nuclear, reconstruir uma rodovia em seis dias. O sul da Bahia espera há 20 anos pela duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna e o metrô de Salvador já passa de dez anos como um monumento à incompetência e à falta de vergonha na cara. O Brasil, de cuja seriedade até Charles de Gaulle já duvidou, levou reprimenda pública, vexatória e humilhante da Fifa, por causa do atraso das obras para a Copa de 2014…
Nossa esperança é a de que um dia tenha fim a absurda passividade do povo diante de tanta desfaçatez política e mediocridade administrativa. Uma população melhor informada e mais consciente de seus direitos não seria tão leniente.
Ricardo Ribeiro
Nenhum comentário
Postar um comentário