'Está doendo até agora', diz petista que votou para manter prisão de Delcídio

'Está doendo até agora', diz petista que votou para manter prisão de Delcídio
Em troca de mensagens por um aplicativo de telefone, os senadores petistas Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA) mostraram-se consternados mesmo depois de terem votado pela manutenção do colega de partido e líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (MS), preso após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Paim e Pinheiro foram os únicos petistas que contrariaram a orientação da bancada e defenderam que Delcídio deveria permanecer em detenção preventiva durante votação ontem à noite no plenário do Senado. "Foi duro, mas foi acertada a nossa posição", disse Walter. "De fato, está doendo até agora", respondeu Paim, ao acrescentar à mensagem um coração partido. Por 59 votos a favor, 13 contra e uma abstenção, os senadores entenderam numa votação aberta que Delcídio tem de permanecer preso. Ele é suspeito de tentar evitar que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró o implicasse numa delação premiada da Operação Lava Jato. No dia seguinte à votação, o senador gaúcho disse que "não tinha alternativa" que não a manutenção da pena do colega de bancada diante das evidências reveladas pela documentação encaminhada pelo Supremo ao Senado. "Ninguém aqui contestou o dossiê, infelizmente é lamentável o documento que chegou aqui, ficamos constrangidos e perplexos", disse ele, ao destacar que a Casa não queria criar obstáculos para que o Supremo realizasse as investigações. Paim, que também defendeu a votação aberta para decidir o futuro do colega, definiu o clima no Senado de "tristeza e constrangimento". Um dos raros senadores na Casa hoje, o petista sugeriu que Delcídio se licencie por 120 dias do mandato de senador para se defender. "Por mais duro que a gente seja numa hora dessas, é legítimo o direito dele de defesa", disse. O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), não apareceu ainda na Casa e está em conversas com aliados para discutir o que fazer com o caso envolvendo o petista - ele poderia mandar, por conta própria, um pedido para o Conselho de Ética, como acaba de sugerir o PSDB. O senador gaúcho disse que pedirá até o final do ano a desfiliação do PT, mas afirmou que só vai decidir um novo partido em 2016. Disse que o caso envolvendo Delcídio não influenciou sua decisão. Um ex-petista, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), também votou pela manutenção da prisão do colega e definiu assim o espírito da Casa: "Não é bom, mas é um sensação de dever cumprido". Ele defendeu que o Senado aprecie logo o futuro de Delcídio. "Acho que está claro que ali houve um grave ato de quebra de decoro". Contudo, Cristovam acredita ser difícil resolver o caso até o fim deste ano. Ele teme, contudo, que a demora possa favorecê-lo. "Vai passar o Natal, o carnaval, espero que não termine esmorecendo o sentimento", disse. "A gente tem que fazer o mais rápido possível, respeitando os ritos". Em discurso no plenário, a senadora Ana Amélia (PP-RS), que também votou por manter preso o colega, ressaltou a força das instituições, numa comparação com a Venezuela. "Nós tivemos ontem uma sessão histórica, podemos ir para a casa com a certeza do dever cumprido e que contribuímos com o nosso voto para que as instituições saíssem fortalecidas, especialmente o Senado da República", destacou.
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