Exclusivo. Lideranças dos índios Tupinambá no sul da Bahia estão organizando uma ação junto à Fundação Nacional do Índio (Funai) para desmontar o que, na opinião deles, teria sido uma grande farsa criada por grupos de pequenos produtores da região de Ilhéus, Olivença, Buerarema e Una, com quem estão em conflito pela posse definitiva de 37 mil hectares de área produtiva.
No ano passado, diversos agricultores que até então se identificavam como índios Tupinambá foram apresentados pelo presidente da Associação dos Pequenos Produtores de Ilhéus Una e Buerarema, Luiz Henrique Uaquim, e anunciaram publicamente o descredenciamento junto à Funasa, decisão que lhe tirava os direitos indígenas (Para ler matéria publicada à época, clique aqui). Na versão apresentada, eles - que não seriam índios e, sim, "caboclos" - teriam sido estimulados por lideranças indígenas a mentir para ingressar no movimento e ter benefícios que só neste credenciamento lhes eram facultados.
Agora surge uma nova versão. Segundo a liderança Tupinambá, Cláudio Magalhães "Tororomba", que é o representante da etnia no Conselho Estadual dos Direitos dos Povos Indígenas do Estado da Bahia, dos 200 supostos índios que pediram descredenciamento, pelo menos, a metade, já está disposta a falar que foram coagidas pelos agricultores. A maior parte delas, segundo "Tororomba", trabalha nas fazendas em litígio e trocou o descrenciamento por vantagens oferecidas pelos líderes do movimento em defesa os agricultores. "O que faltou foi cumprir o acordo. Foram enganados com vantagens que jamais chegaram e agora estão dispostos a denunciar", revela a liderança indígena.
Segundo Cláudio "Tororomba", depois do descredenciamento, muitos deles ficaram sem atendimento médico e completamente desassistidos. "Eles (os produtores) enganaram até a opinião pública, por que os benefícios que os indíos (sic) tinham da Funasa são, por lei, direitos até dos nossos agregados, pessoas que têm simplesmente uma relação social com os índios e atendem aos preceitos da universalidade onde os serviços prestados em área de aldeiamento possam ser direito de todos", afirmou. "Tororomba" faz questão de ressaltar que Funasa e Funai são duas instituições com políticas completamente distintas. A primeira é para cuidar da saúde da população indígena. E a segunda, de acordo com suas explicações, não é uma entidade para cadastrar índio. "Ele (o índio) se auto-afirma e busca reconhecimento da sua comunidade", explicou.
Bandeira branca - A reportagem do Jornal Bahia Online também teve acesso a uma outra informação exclusiva envolvendo a disputa de terras entre produtores e índios no sul da Bahia. Um acordo fechado nos últimos dias tendo como mediadores os representantes do Conselho de Direitos Humanos do Congresso Nacional vai selar, pelo menos temporariamente, a paz entre as duas partes envolvidas. Pelo acordo, até o final deste ano, quando a Funai deverá entregar à Justiça sua contestação ao processo movido pelos pequenos produtores que querem a garantia dos seus direitos, nenhuma nova propriedade da região será invadida (como definem os produtores) ou retomada (como falam os índios).
Por outro lado, as 19 fazendas localizadas na região de Buerarema e mais 9, entre Ilhéus e Una, hoje em poder dos índios, não serão devolvidas pelo menos durante o mesmo período. O acordo foi confirmado por Cláudio Magalhães "Tororomba". Hoje, na opinião da liderança indígena, a principal tensão envolvendo produtores e índios diz respeito a o que ele define como um "movimento de criminalização das lideranças indígenas na Bahia". Quase toda a semana, supostos índios tupinambá estão sendo presos, acusados de descumprirem a lei.
FONTE:JORNAL ONLINE
Nenhum comentário
Postar um comentário