Observados à distância por policiais militares, cerca de 30
manifestantes arremessaram, neste domingo (25), ovos e pedras contra os
três ônibus que integram a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva na chegada à cidade de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina. A
janela do motorista do ônibus ocupado por Lula foi quebrada, obrigando
que a caravana estacionasse no acostamento metros à frente. Carros
particulares também foram atingidos pelos manifestantes, que o esperavam
no trevo de acesso ao município. Como minutos antes a PM tinha proibido
a permanência de um ônibus do MST no trevo onde Lula era aguardado por
opositores, a comitiva estava sem a escolta dos sem terra. Irritado, o
coordenador da caravana, Márcio Macedo, foi até os agentes policiais
encarregados da segurança da comitiva para cobrar responsabilidade. O
líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), procurou as autoridades
responsáveis pela integridade física do ex-presidente para exigir
providências. Na semana passada, Pimenta conversou pessoalmente com o
ministro da Defesa, Raul Jungmann. Os coordenadores da caravana também
procuraram o Ministério da Justiça e os governos dos três estados do
Sul. Mas a tensão só se agravou desde então. “O que aconteceu aqui foi
um atentado. Poderia ter acontecido uma tragédia”, disse Pimenta. “Esse
não é um ato político. É um ato criminoso”, criticou. À noite, em ato em
São Miguel, ovos foram lançados sobre o palanque onde discursava o
ex-presidente, gerando confusão entre o público presente. Coberto por
guarda-chuvas para deixar o local, Lula se disse triste e chamou os
agressores de canalhas. Na véspera, o hotel onde Lula estava hospedado
em Chapecó foi cercado por aproximadamente cem pessoas, que tentavam
bloquear seu acesso ao palco instalado numa praça a 200 metros dali. O
ex-presidente deixou o hotel pelos fundos. Coordenador da caravana, o
ex-deputado Paulo Frateschi levou uma pedrada na orelha esquerda na
tentativa de proteger o ex-presidente. Já na praça, manifestantes
lançaram ovos e pedras contra seguranças e apoiadores de Lula. Um
professor de educação física foi atingido na cabeça. Repetindo tática
adotada ao longo de toda a caravana, manifestantes soltaram fogos no
momento em que Lula iniciava seu discurso. Lula ironizou afirmando nunca
ter sido recepcionado com tantos fogos. No discurso, ele lamentou que
os manifestantes não tenham doado esses ovos a quem passa fome. Ao
perceber que Lula não conseguiria entrar no carro para voltar ao hotel,
Macedo fez um apelo ao microfone para que os militantes o escoltassem
até lá. Nas cidades por onde Lula passou, os manifestantes repetem
padrões. Sempre um pequeno grupo é escalado para esperar passagem do
ex-presidente, informando os que estão poucos metros adiante. Eles são
orientados, por exemplo, a se dispersar no momento de aproximação de
policiais para desbaratá-los e escondem pneus no mato para queimá-los
impedindo a passagem do ex-presidente.
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